Produção de Vídeos No Linux – Parte 3

Seguindo nossa série de artigos sobre Produção de Vídeos no Linux, hoje vamos falar sobre os famigerados e problemáticos “codecs”! Codecs e ProRes no Linux.

Produção de Vídeos No Linux – Parte 3

Se você perdeu os artigos anteriores, confira nos links a seguir:

Produção de Vídeos no Linux – Parte 1

Produção de Vídeos no Linux – Parte 2

Hoje o assunto é bem mais técnico e pouquíssimo abordado nos sites com listagem de programas para nosso amado GNU/Linux. Se você acompanhou os demais artigos, sabe que a plataforma Open Source conta com uma gama muito boa de softwares de edição, composição e correção de cor. Falta de programas não é mais desculpa para quem tem interesse em começar a “fazer vídeos” sem gastar com licenças caras ou bastante restritivas.n

Sabemos que programas não é nossa preocupação, mas e os Codecs?

Os codecs ou “decodificares”, são responsáveis pela tradução de um determinado arquivo multimídia, seja ele vídeo, imagem ou áudio, em informação legível num software de reprodução ou visualização. Simplificando, o funcionamento é similar ao trabalho de um tradutor em tempo real, que escuta o locutor em Inglês e conforme a conversa vai seguindo, sobrepõem em português. Assim todos no Brasil podem saber o que aquele entrevistado britânico está respondendo ao apresentador. Fácil, não?

Agora imagine que o locutor não fala com clareza suficiente, ou pior, tenta atrapalhar nosso tradutor. Certamente o resultado vai ser bem diferente do esperado e talvez as capacidades do profissional sejam questionadas também. É mais ou menos isso que acontece com alguns softwares.

Para reprodução de conteúdo, no caso do Ubuntu, basta apenas instalar o pacote restricted-extras e ser feliz. Todos seus filmes e músicas vão funcionar muito bem. Agora, no caso de edição, as coisas não são tão fáceis, principalmente se falarmos dos softwares proprietários e suas versões “grátis”. É o caso do Davinci Resolve, que tem dificuldade em trabalhar diretamente com muitos formatos, inclusive o h.264, utilizado pelas câmeras DSLR.

Mas qual é o motivo?

Licenças é claro! Grande parte do custo de um software assim é para pagar os royalties de uso de tecnologias de terceiros e decodificadores de mídia. Tem ainda o desenvolvimento e distribuição, mas que, dependendo da estratégia de mercado, podem ser absorvidos na venda de hardware, por exemplo. Como a empresa precisa evitar problemas jurídicos, as versões gratuitas costumam ter algumas restrições.

Isso não impede o uso da ferramenta, apenas exigem algumas adequações ou a compra da licença completa. No caso da BlackMagic, suas soluções são surpreendentemente completas e contornar os problemas de codecs é muito fácil.

Produção de Vídeos no Linux e FFmpg

Sim, a solução é bem simples e traz consigo só pontos positivos. Deixa-me explicar melhor!

O codec h.264 é muito ruim e extremamente compactado. Ele é ótimo para a web, pois economiza muitos megas e isso é muito importante para streamming ou canais de vídeo, contudo, para edição ele significa que muitas informações foram perdidas. Esse é um problema muito grande ao usar as DSLR que somente suportam este formato, pois perde-se algumas informações.nO Davinci e o BlackMagic Fusion não importam estes formatos na versão para Linux. Talvez e versões futuras isso seja resolvido, mas não existe nenhum comentário sobre.

Para resolver isso vamos usar o FFmpg e a conversão para o maravilhoso ProRes. Mesmo em tempos de OS X, eu já convertia os vídeos de DSLR para ProRes, usando um software especifico para isso. Com a conversão o arquivo fica gigante e permite, ao editar, trabalhar com uma gama de cores maiores.

“Um vídeo ruim sempre será um vídeo ruim”

Claro que não existem milagres, os vídeos não ganham informações que não existem no arquivo. Se o vídeo estiver em uma qualidade baixa e em péssimas condições de iluminação, ele não vai ter os mesmo benefícios de formatos RAW e se transformar no próximo filme do Tarantino. O que acontece, é que ao descomprimir o vídeo, damos ao software de edição mais possibilidades para trabalhar com colorização e correções. É fácil perceber as diferenças com a utilização.

No Linux é muito fácil resolver isso!

O pacote FFmpeg é um verdadeiro canivete suíço e nos permite inúmeras possibilidades. Ele é muito popular e certamente haverá pacotes nativos em sua distribuição. Com o ffmpeg conseguimos converter para ProRes e muito mais.

Supondo que esteja usando o Ubuntu:

Para instalar:nsudo apt-get install ffmpeg

Convertendo para ProRes:

ffmpeg -i ARQUIVO_ORIGINAL.avi -c:v prores -profile:v 3 -c:a pcm_s16le ARQUIVO_FINAL.mov

Lembrando que -profile pode ser 0=‘proxy’, 1=‘lt’, 2=‘standard’, 3=‘hq’, correspondendo ao “perfil” de conversão.

O Arquivo final vai ser gerado na mesma pasta e estará pronto para ser importado e trabalhado. 🙂

Uma dica extra, é converter o vídeo para uma sequência de imagens em .png. Ótimo para extrair aquele quadro especifico!

ffmpeg -i video.mp4 image{18d148ad3441823a8fee22738b7dc7e707336e18b24c8c31273dc9aff94ae9b3}d.png